segunda-feira, 11 de abril de 2011

OFICINA DE ESCRITA



DESPREZO

Aconteceu uma vez que estava eu a sair da escola e não tinha trazido a chave de casa. Estava com uma fome imensa e decidi ir ao café comer uma bifana. Inesperadamente, encontrei o meu pai com outra mulher e pensei dizer à minha mãe, mas ela estava em Lisboa, não sabia o que fazer… Sentei-me a comer a bifana até que me chegaram as lágrimas aos olhos. Sem mais nem menos, uma rapariga sentou-se ao meu lado e perguntou-me o que se passava. Respondi:

- Problemas pessoais. O que é que tens a ver com isso?

Eu queria estar sozinho, a última coisa que pretendia era falar com alguém. Olhei-a nos olhos, levantei-me e fui-me embora sem dizer uma única palavra. A meio do caminho, pensei que havia cometido um erro. Poderia ter desabafado com ela, mas também não a conhecia de nenhum lado. Sentei-me à porta de casa e lembrei-me que as chaves estavam debaixo do tapete. Tirei-as, abri a porta e lá estava o meu pai deitado no sofá. Disse-lhe:

- Vi-te com outra mulher e acho que estás a ser infiel para a mãe.

Claro que ele disse que isso era falso, que não era nada sério. Disse-lhe que podíamos chegar a um acordo. Se ele começasse a tratar-me melhor, a dar-me mais atenção e deixasse de se encontrar com a outra mulher, eu não diria nada à mãe. Acabou por ceder.

De repente, ouvimos o toque da campainha. Era a minha mãe, fui logo a correr dar-lhe um abraço. Nesse dia, jantámos pizza e divertimo-nos muito.


Luís Ramalhosa e João Mataloto

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