quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FAÇA LÁ UM POEMA - A NOSSA PARTICIPAÇÃO


Os poemas que se seguem são da autoria da Carolina Martins e da Daniela Alvarinho. Apesar do poema "SER QUEM NÃO SOU" (da Daniela Alvarinho) ter sido o vencedor do concurso Faça lá um poema, estas duas composições não ficam nada atrás. Temos ou não temos duas grandes sensibilidades poéticas na nossa turma?

Ciclo eterno

Na noite,
Todos os sons são profundamente obscuros.
Na noite,
Todas as luzes são como ouro numa mina.
Na noite,
Os vultos da imensidão aterradora e caótica são como chapéus em bico.
À noite,
A lua aparece visível e atenta,
Como o olhar brilhante do gato da vizinha.
À noite,
As estrelas reflectem e produzem as suas emoções
E quando pensam lá no alto,
Imaginam como gostariam de descer ou exclamam orgulhosas:
- Que importante sou, pois cá em cima não há nada que temer!
E quando a luz apaga a noite,
Amanhece!
De dia,
Todos os sons são luminosamente brancos.
De dia,
Todo o escuro que aparece é levado para um poço, no subsolo.
De dia,
A multidão passeia-se, como um bando em migração.
E de dia,
A penumbra desaparece,
os raios de sol penetrantes incidem nos recantos do nosso planeta.
De dia,
As estrelas e a lua,
Viajam em volta de si mesmas,
Lá no alto os brilhos sentem-se sós,
Não têm ninguém, para se gabarem,
Para simplesmente dizerem:
- Eu sou melhor que tu!
Pois todos são iguais e não têm qualquer juiz que os distinga.
De novo tudo sucede,
Apercebemo-nos que estamos presos
Num ciclo sem fim.
Aterrador para uns,
Delicioso para outros.
E cada um segue o seu caminho.

CAROLINA SANTOS MARTINS


O preto do branco
Há uma linha que separa o preto do branco.
O que vemos, do que não conseguimos ver.
O que explicamos, do que não tem explicação.
O que sentimos, do que não tem sentimentos.

Há uma caixa onde guardo as minhas memórias.
Onde tenho tudo de que não me posso esquecer.

Há filmes onde não entro,
Há outros em que sou a personagem principal.

Há imagens que estão a cores e outras não.
Há pirâmides que não têm a forma de um triângulo.

Há linhas que separam a poesia da prosa,
os contos das aventuras,
o novo do antigo,
o preto do branco.

DANIELA ALVARINHO

2 comentários:

  1. Parabéns Carolina!
    Tal como as estrelas lá no alto, tu também tens luz própria!...Continua a partilhar connosco o teu brilho!...
    Mª Alzira Cavacas

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  2. Parabéns Daniela!
    Mais uma vez, gostei da maneira esclarecida como conseguiste separar e voltar a unir as linhas do nosso pensamento!...
    Tens uma capacidade extraordinária de nos obrigar a reflectir...
    MªAlzira Cavacas

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