quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

FAÇA LÁ UM POEMA - A NOSSA PARTICIPAÇÃO


Os poemas que se seguem são da autoria da Carolina Martins e da Daniela Alvarinho. Apesar do poema "SER QUEM NÃO SOU" (da Daniela Alvarinho) ter sido o vencedor do concurso Faça lá um poema, estas duas composições não ficam nada atrás. Temos ou não temos duas grandes sensibilidades poéticas na nossa turma?

Ciclo eterno

Na noite,
Todos os sons são profundamente obscuros.
Na noite,
Todas as luzes são como ouro numa mina.
Na noite,
Os vultos da imensidão aterradora e caótica são como chapéus em bico.
À noite,
A lua aparece visível e atenta,
Como o olhar brilhante do gato da vizinha.
À noite,
As estrelas reflectem e produzem as suas emoções
E quando pensam lá no alto,
Imaginam como gostariam de descer ou exclamam orgulhosas:
- Que importante sou, pois cá em cima não há nada que temer!
E quando a luz apaga a noite,
Amanhece!
De dia,
Todos os sons são luminosamente brancos.
De dia,
Todo o escuro que aparece é levado para um poço, no subsolo.
De dia,
A multidão passeia-se, como um bando em migração.
E de dia,
A penumbra desaparece,
os raios de sol penetrantes incidem nos recantos do nosso planeta.
De dia,
As estrelas e a lua,
Viajam em volta de si mesmas,
Lá no alto os brilhos sentem-se sós,
Não têm ninguém, para se gabarem,
Para simplesmente dizerem:
- Eu sou melhor que tu!
Pois todos são iguais e não têm qualquer juiz que os distinga.
De novo tudo sucede,
Apercebemo-nos que estamos presos
Num ciclo sem fim.
Aterrador para uns,
Delicioso para outros.
E cada um segue o seu caminho.

CAROLINA SANTOS MARTINS


O preto do branco
Há uma linha que separa o preto do branco.
O que vemos, do que não conseguimos ver.
O que explicamos, do que não tem explicação.
O que sentimos, do que não tem sentimentos.

Há uma caixa onde guardo as minhas memórias.
Onde tenho tudo de que não me posso esquecer.

Há filmes onde não entro,
Há outros em que sou a personagem principal.

Há imagens que estão a cores e outras não.
Há pirâmides que não têm a forma de um triângulo.

Há linhas que separam a poesia da prosa,
os contos das aventuras,
o novo do antigo,
o preto do branco.

DANIELA ALVARINHO

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DANIELA ALVARINHO, VENCEDORA DO CONCURSO FAÇA LÁ UM POEMA


Este foi o poema vencedor da fase escolar do concurso do PNL, FAÇA LÁ UM POEMA, na categoria do 3º Ciclo. Um júri constituído por elementos do PNL e do CCB seleccionará os vencedores nacionais que apresentarão os seus trabalhos por ocasião da comemoração do DIA MUNDIAL DA POESIA , no Centro Cultural de Belém.
Parabéns à nossa DANIELA, cuja sensibilidade e delicadeza a tornam alguém tão especial... Continua a SER quem ÉS.

Sou eu sem ser

Às vezes não sou eu, às vezes não quero ser.
Às vezes faço sem fazer.
Às vezes tenho medo, de não ter medo.
Viajo sem viajar, sei sem saber, olho sem olhar.


Há círculos que não são circulares.
Quadrados que não se enquadram na minha vida.
Há linhas que percorro sem percorrer, que não têm fim.


Formato-me sem me formatar.
Vivo, revivo e volto a viver.
Como a caneta que escreve sem parar,
assim sou eu, a percorrer.


Há luzes que não consigo ver,
Como as caixas que estão vazias,
os poemas que faço, as quadras que invento e os versos que me fazem sorrir,
Às vezes sou eu sem ser.

Daniela Alvarinho

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Finalmente, o Cavaleiro chegou à sua floresta, na Dinamarca


Floresta
Passei por várias cidades, mas estou agora na floresta ao pé da minha casa.
Bem, nunca tive tanto frio na minha vida, avistei uma luz, pensei que fosse uma estrela, avancei mais um bocado e reparei que era o pinheiro que fica ao lado da minha casa, finalmente cheguei!

LuísRamalhosa

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

MAIS UMA PÁGINA DO DIÁRIO DO CAVALEIRO DA DINAMARCA


Hoje estou em Veneza... É dia 7 de Abril.
No Sábado, quando aqui cheguei , reparei logo na beleza das casas, das ruas, dos palácios...
Fiquei maravilhado porque as ruas são canais e o meio de transporte é a gôndola, um meio de transporte maravilhoso.
Em Veneza sinto-me encantado, espantado a todo o momento...
Conheci um mercador que me alojou no seu belo e fantástico palácio.Com a minha chegada, o mercador mandou multiplicar as festas. Adorei as belíssimas decorações das salas... No final de uma das festas, eu e o meu amigo mercador fomos à varanda ver a encantadora e deslumbrante cidade de Veneza. Aí o mercador contou-me a história de Vanina e Guidobaldo, do fantástico e corajoso romance que houve entre eles.
No dia seguinte, fui conhecer melhor a cidade.
Andei nos românticos canais de Veneza... À noite, fui novamente ver a cidade e reparei como ainda é mais bonita sob o luar.
Amanhã vou despedir-me do mercador e partir para Florença. Será difícil abandonar esta cidade que ficou gravada no meu coração. Porém, estou ansioso por chegar a Florença, pois deve ser igualmente bela...

David Sezões Nº8 7ºE

domingo, 13 de fevereiro de 2011

QUERIDO DIÁRIO, ESTOU EM FLORENÇA...




O cavaleiro prossegue a sua viagem... O seu diário enche-se de memórias que sobreviverão ao tempo...

Florença, Sábado, 28 de Março, 1510

Sapiência de ouro tem esta cidade! Florença, o próprio nome indica a sua inteligência de sábio. Flor de sabedoria que desabrocha e deita sabedoria em forma de planta.
Naquela sala de comer, com uma mesa, várias cadeiras, uma lareira, uma sala simples e rústica onde, porém, toda a sabedoria se reúne. Filosofia, Aritmética, Geografia e Geometria, nada do mundo faltava naquela sala. Eu nem sabia o que dizer. Pitágoras isto, Miron aquilo, falava-se de tudo. Falavam de coisas que nem o meu ser reconhecia. Esta cidade não está só incrustada de mosaicos, está também de sabedoria. Gostaria muito de ficar, mas a minha mulher, filhos e servos estão impacientemente à minha espera.
Uma das coisas que me espantou não foi só a sabedoria, foram também as histórias incríveis que me foram relatadas. Dante e Beatriz, uma história de amor separada pela morte. Dante, os três locais “post-mortem*” só para ver a sua amada. A história de Giotto e Cimabué, o nascimento de um novo pintor. O banqueiro Averardo pediu-me para ficar com ele mas não posso; tenho de rever a minha adorada casa e família. Hei-de voltar aqui, com a minha família, e verão a sua beleza. Irá espantá-los como me espantou a mim.
Amanhã despeço-me deste milagre do Homem e partirei para Génova. Hei-de rever a minha família.

Pedro Latas

Mais páginas do diário do Cavaleiro da Dinamarca


Todos viajámos com O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de Mello Breyner Andresen, contudo, cada um fez a sua viagem de forma pessoal e distinta. Os textos produzidos demonstram como a leitura é um viagem pessoal e única em que cada um segue o seu trilho com emoções, sentimentos e experiências muito diferentes...


Quarta-feira, 13 de Março

Cheguei a Veneza com o Mercador. Fiquei maravilhado com tudo o que vi, é tudo tão belo!
Veneza é uma cidade construída sobre as águas, as ruas são canais onde deslizam estreitos barcos finos e escuros, os palácios crescem das águas que reflectem os mármores, as pinturas, as colunas nas águas verdes. Também reparei que os homens estavam vestidos de damasco e as mulheres arrastavam no chão a orla dos vestidos bordados. As mais belas canções, risos, sinos e vozes enchiam aqueles dias de muita alegria.
Nunca tinha visto nada igual! É tudo tão diferente da minha cidade. Fiquei tão pasmado com aquela beleza que acho que o Mercador reparou.
Chegámos a casa do Mercador, um palácio lindo de grandes salas de mármore. Ele hospedou-me com todo o gosto e estivemos a conversar até anoitecer. Quando chegou a hora da festa, diverti-me imenso e também conheci novas pessoas com quem fiz amizade.
Havia uma mesa, uma mesa enorme onde os criados pousavam grandes travessas. Pelo menos com aquilo tudo ia engordar uns cinco quilos.
No final da noite, fui para a varanda apreciar Veneza. Nunca me iria cansar de ver tanta beleza, então reparei num palácio ainda mais belo do que o do Mercador.
Passado uns minutos, este chegou e eu perguntei-lhe de quem era aquele palácio tão maravilhoso. Ele respondeu-me que agora era só de um velho chamado Jacob Orso, mas antes também era de Vanina, a rapariga mais bonita de Veneza. Jacob Orso era o seu tutor, pois Vanina era órfã de pai e mãe. Contou-me que, num certo dia, tinha chegado àquela cidade Guidobaldo, que se apaixonou por Vanina e esta por ele. Tiveram encontros às escondidas, sempre na varanda, e acabaram por perceber que estavam muito apaixonados. Um dia, Guidobaldo foi ter com Jacob Orso para pedir Vanina em casamento, este recusou, pois Vanina já estava prometida a Arrigo (um velho feio de quem Vanina não gostava nada). Então, no dia seguinte, fugiram juntos e nunca mais se soube nada deles.
Achei a história maravilhosa! Desde pequeno que adoro as histórias de amor que a minha mãe me contava. Comecei a pensar o que seria feito deles? Será que ainda estão juntos e têm muitos filhos? Espero bem que sim, porque um amor daqueles é para sempre.


Segunda-feira, 11 de Abril
Já estou em Veneza há um mês. Nem dei por o tempo passar, foi tudo tão rápido!
Visitei a cidade de uma ponta à outra sem nunca me cansar de admirar tanta beleza. Visitei todos os museus, palácios, ruas, igrejas... tudo.
Estava na varanda a olhar Veneza (passava lá os meus dias e quando não estava lá, estava a visitar a cidade) quando veio ter comigo o Mercador que me propôs ficar na cidade e associar-me aos seus negócios.
Não estava à espera e fiquei calado por uns minutos, tinha que ouvir a pergunta de novo na minha cabeça. Tinha que admitir que me apetecia bastante dizer sim. Ficar naquela cidade é o sonho de qualquer um, no entanto, tinha prometido à minha família que chegaria neste Natal. Então disse que não ao Mercador e expliquei os motivos da minha recusa. Este ficou um pouco em baixo, mas compreendeu e respondeu que eu era um grande homem. Fiquei um pouco envergonhado e sorri-lhe. Também lhe disse que partiria daí a três dias. Resolvemos, então, aproveitar todos os segundos antes de eu partir.


Quinta-feira, 14 de Abril
Estava na hora de partir. O Mercador emprestou-me um cavalo para me ajudar no caminho de volta e também me deu cartas de apresentação para os homens mais poderosos das cidades do Norte de Itália. Assim, eu seria bem recebido em toda a parte.
Despedi-me do Mercador e fui até à varanda pela última vez. Iria ter muitas saudades de Veneza e dos amigos que aqui fizera. Não consegui conter-me e soltei uma lágrima.
Despedi-me mais uma vez do Mercador, montei-me no cavalo e segui viagem até Génova.

Raquel Copeto

sábado, 12 de fevereiro de 2011

PÁGINA DE UM DIÁRIO


No âmbito da leitura de O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de Mello Breyner Andresen, foi-nos proposto que nos colocássemos na pele do Cavaleiro e escrevêssemos uma página do nosso diário, relatando experiências e memórias, exteriorizando emoções, sentimentos e expectativas que nos acompaharam ao longo da viagem.
Surgiram textos muito criativos e emotivos.

Floresta Dinamarquesa
Cá estou eu outra vez, trazendo más noticias!
Tenho muitas dúvidas quanto ao meu regresso a casa, esta noite.
É a noite de 24 de Dezembro, noite de Natal, e cá estou eu, perdido na escuridão da floresta com a qual cresci.
Aqui tudo está silencioso, imóvel.
Estou sozinho, porém, com alguma esperança de voltar a ver as pessoas que amo e que me amam.
Estou com medo é verdade, sinto sofrimento, dor, angústia, mas por outro lado, estou cheio de força e vontade de ver as pessoas de quem gosto, nem que seja por um segundo.
Penso em todas as pessoas que me deram apoio durante esta viagem, em todos os amigos que nela fiz, no mercador de Veneza, no banqueiro Averardo, no comerciante de Flandres que de tão de bom grado me hospedaram em suas casas e palácios, os frades do convento que tão bem me acolheram e trataram. Sim, devo a todos eles este regresso.
Nesta viagem já estive perante vários obstáculos, ao início ia morrendo no mar, já a meio da viagem fiquei doente, mas consegui superar tudo isso para ver os sorrisos mais belos do Mundo, sentados à lareira, à minha espera a qualquer momento.
É por isto mesmo que vou prosseguir viagem, reunir toda a força que ainda me resta e continuar a avançar.
Ajuda-me, Senhor Deus, Pai Todo Poderoso, Criador de todas as coisas! Em Ti encontro a fé e a paz, através de ti as transmito.
Nicole Antunes


Querido diário,
Estou em Belém, numa estalagem, perto da Palestina. Sinto-me muito bem esta manhã! Ontem, visitei todos os lugares santos. Eram lindos e maravilhosos, cheios de energia e magia, e, a cada passo que dava, era tudo mais precioso e mais belo. O último lugar que visitei foi a gruta de Belém. Quando aí entrei tive uma sensação esmagadora! Bem, era tudo tão magnífico e brilhante, era como se estivesse a retroceder no tempo, quando o menino Jesus nasceu. Após ter rezado, ouvi vozes a cantar lá fora e, então, resolvi ir espreitar. Essas vozes de pessoas pareciam estar tão contentes, tão radiantes por estarem unidas naquela noite de Natal!
Quando fui para a estalagem, já era tarde, passava das duas da manhã. Por isso, fui para o meu quarto, vesti o pijama e deitei-me na cama, caindo num sono profundo e suave.
Eram dez horas, quando me levantei, já era tardíssimo! Então, com muita pressa, fui tomar banho e vesti-me (também vesti o fato-de-banho, para o caso de querer tomar banho no lago), paguei a minha estadia e tomei o pequeno-almoço num café. Esse café chamava-se “ Il Bambino”, era pequeno e modesto, simples e rústico. Depois desse belo pequeno-almoço, aproveitei para ir visitar Jafa. Não tinha nada de especial, era simples, acolhedora e muito pequena. Depois de caminhar um bocado, encontrei um lago e tomei um banho. Soube-me bem, a água estava límpida, serena e tépida. De seguida, encaminhei-me para o Porto de Jafa. Esse porto era normal, básico, como se o importante fosse só embarcar e desembarcar. Contudo, começou a haver tempestades e trovoadas e eu e os outros passageiros, fomos obrigados a esperar pelo bom tempo. Passados três dias, a situação melhorou, seguindo então para o Porto de Ravena. Foi aí que eu conheci uma pessoa muito simpática, generosa e humilde. Foi um mercador de Veneza, com quem travei grande amizade. Foi muito importante para mim, pois levou-me até Veneza, uma cidade cheia de oportunidades, maravilhosa e magnífica. Também me hospedou no seu palácio elegante e muito bonito. Mas na viagem desde o Porto de Jafa para o Porto de Ravena, aconteceu algo de terrível. Houve uma tempestade em alto mar, e o vento era de tal maneira forte, que o barco ficou todo esburacado e tragicamente destruído. Ficou marcado para o resto da minha vida!
Leonor Ferreira

Querido diário,
Hoje, terça-feira
Situo-me em Florença, depois de uma encantadora estadia em Veneza, onde percorri toda aquela imensa cidade de poder, que me deixou profunda e completamente entusiasmado. Nessa cidade, à beira do mar Adriático, deslizei pelas águas numa gôndola, o único meio de transporte utilizado, devido à situação geográfica e ao modo de construção desta cidade. Vislumbrei os maravilhosos e luminosos palácios que se impunham em cima das estacas a que estavam sobrepostos.
Florença pode não ser tão poderosa e rica em termos económicos, no entanto, em termos de conhecimento e cultura é entre todas a mais rica.
No jantar de ontem, na casa do meu amigo Averardo, para quem o meu companheiro de viagem me encaminhou, escutei as mais magníficas histórias que me deixaram, sem dúvida, estupefacto. No meio de tanta sabedoria, nem consegui ripostar, apenas me mantive alerta para todos os pontos interessantes que os meus sentidos conseguissem detectar.
Na refeição de ontem, onde me sentia totalmente desencaixado, pedi a um homem, que falava de arte, chamado Filippo, que me contasse quem foi Giotto. No desenrolar da conversa, falou-me de Cimabué e nessa sessão os nomes Dante e Virgílio “vieram à baila” e mais uma história foi relatada.
No final desta minha passagem pelo “ corredor de toda a matéria cultural do mundo”, arrecadei na minha memória mais pessoas que recordarei e mais histórias que, de certo, transmitirei aos meus.
Após escrever estas linhas, seguirei para Génova, onde embarcarei para a Flandres, sempre com o objectivo de chegar a casa… a minha casa! Onde me reunirei com os todas as pessoas que trago no coração e das quais tenho saudades, apesar de saber que me acompanham todos os dias.
Rezo todos os dias para que tudo me corra bem e que chegue com saúde e alegria a casa… à minha casa.
Adeus diário! Voltarei para te informar de todas as peripécias e dificuldades por que, de certo, passarei.
Carolina Martins


Diário,
estou aqui sentado na varanda da bela casa do meu caro amigo Averardo, numa noite escura de Primavera. Pois é, já estamos em Abril, já vi coisas tão belas, já senti tantas emoções que não consigo enumerá-las.
Espero chegar a casa a tempo e nesta viagem enriquecer o corpo e a alma, que Deus me acompanhe.
Vi hoje coisas tão simples, mas tão esplêndidas e encantadoras, como igrejas e estátuas. Aprendi tanto sentado na vasta mesa de refeições do banqueiro, parecia que toda a sabedoria se encontrava naquela enorme sala. Que histórias encantadoras ouvi! Deus abençoe aquela casa, casa de sabedoria, sala de mentes brilhantes.
Vai ser tão bom quando chegar a casa, contar as minhas experiências e partilhar tudo o que vi e ouvi, expor a minha sabedoria aqui na floresta. Ainda quero aprender mais, conhecer o mundo novo, ver o que há lá fora.
As estrelas sobrevoam-me a cabeça enquanto exponho as minhas aventuras em Florença nesta folha, mas vou agora dormir, sonhar com as histórias ouvidas, com estes momentos, com a minha família.
João Fernandes



É dia três de Março, as flores começam a nascer e estou em Veneza, sinto-me feliz. Procuro alguém que me possa ajudar a encontrar uma casa.
Nunca vira tanta beleza! Veneza, a cidade que se situa sobre a água, é a cidade mais bela que já conheci.
Nas ruas, parece que estou a flutuar, apaixono-me pelas casas, altas e bonitas. Os fluentes nascem dos olhos dos canais, as pessoas despertam alegria, influencio-me a mim próprio.
Enquanto caminho, aprecio a magnitude desta cidade e continuo a procurar.
Estava quase a anoitecer e ainda não tinha encontrado ninguém.
Resolvi ficar numa pensão, mas entretanto conheci uma pessoa, era um habitante de Ravena e estava ali de férias. Cumprimentei-o, e ele perguntou-me se vivia em Veneza, ou se estava apenas de passagem.
Disse-lhe que não, que estava em viagem, pois tinha viajado até à Terra Santa, e agora estava de regresso à minha cidade, a Dinamarca.
No dia seguinte, quando estava a visitar a cidade, resolvi andar de gôndola, e sem saber o perigo que corria, pois estava sozinho. Comecei a andar à deriva. Passado algum tempo, reparei que estava perdido, sentia-me triste, solitário, sem ninguém e revoltado comigo mesmo, por me ter aventurado demasiadamente.
Passei uma noite assim, à deriva, perdido, mas, de repente, deparei-me com uma voz que me chamava, era aquele habitante de Ravena, que estava aqui de férias.
Fiquei preso numa rocha e, de repente, apareceu o meu amigo e lá me puxou com uma corda.
Este habitante foi muito importante na minha viagem, pois sem a sua ajuda, teria morrido puxado pela corrente.
Tal acontecimento marcou-me muito, mesmo não sabendo onde eu estava, o habitante veio procurar-me, pois queria ajudar-me. É bom saber que ainda há pessoas que gostam de ajudar as outras.
Esta viagem despertou-me coragem para seguir o meu caminho, a alegria de poder chegar à minha casa, rever os meus familiares, os meus amigos, poder contar-lhes tudo… Como é Veneza, as aventuras que tive, quem me ajudou e poder relatar as minhas expectativa da viagem. Contar-lhes que acabou bem, que fiz amigos, que conheci novas cidades e que consegui sobreviver, com a ajuda de uma pessoa, que gosta de ajudar os outros.
Daniela Alvarinho


Estou em Florença, sinto-me cansado, mas tenho ouvido belas histórias.
Cheguei a casa do banqueiro Averardo, que me tinha sido recomendado pelo meu amigo veneziano. Durante o jantar, na companhia dos amigos de Averardo, ouvi uma história sobre Giotto: a história começa no campo, com um homem chamado Cimabué, que foi o primeiro pintor de Itália. Enquanto estava a cavalgar pelo prado, Cimabué avistou lá ao longe um penedo com desenhos, depois outro e mais outro... Atou o seu cavalo e, lá mais adiante, avistou um jovem pastor com doze anos acompanhado pelo seu pequeno rebanho. O pastor estava curvado em frente a uma rocha a fazer desenhos simples, mas cheios de verdade. Cimabué dirigiu-se a ele e exclamou:
-Rapaz, como te chamas?
O rapaz deu um salto para trás, pois não tinha reparado que Cimabué ali estava.
-Giotto. - Respondeu o rapaz estremecendo.
-Olha, Giotto, vem comigo para Florença que lá é tudo mais belo e cheio de riqueza! Anda, serás o meu discípulo e eu serei o teu mestre.
E assim foi, Giotto foi para Florença. Foi bem recebido e tornou se muito célebre.
Encerrada a narrativa, olhámos em volta e reparámos que a casa de Averardo estava de cabeça para baixo!!
Estávamos tão absorvidos na história que nem reparámos que o cão de Averardo tinha roído, partido, rasgado…
Nunca me irei esquecer destes momentos…
Vasco Balixa



Domingo, 28 de Março, Veneza

Estou estafado, desde que comecei a minha caminhada ainda não parei, nem mesmo por um segundo! Tenho recebido propostas aliciantes e irrecusáveis, contudo, comprometi-me com a minha família que em Dezembro, na noite de 24 para 25, estaria em casa a matar saudades. Hoje estou em Veneza, um lugar lindíssimo, com pessoas fantásticas, já fiz um amigo, o Mercador. Alojou-me em sua casa, foi muito amável para comigo, fico-lhe muito agradecido.
Veneza é um lugar fantástico, indescritível! Esta viagem tem sido muito cansativa, mas tem contribuído imenso para enriquecer as minhas experiências como homem e cidadão do mundo. Quando chegar a casa, vou ter muitas aventuras para contar à minha família, de quem tenho bastantes saudades. Partirei daqui a 3 dias. O Mercador fez-me uma proposta bastante aliciante, associar-me aos seus negócios e estabelecer-me em Veneza, mas não pude aceitar, tenho que cumprir a promessa que fiz à minha família. Já vi alguns monumentos, são realmente maravilhosos, aliás são indescritíveis,e é um sonho receber assim tantas propostas sem sequer as procurarmos, e fico-lhes muito agradecido.
Gostei imenso das histórias do Mercador, não as conseguia parar de ouvir, as histórias dele são fantásticas cheias de aventura, coragem. De seguida irei para Florença, cidade de que já ouvi coisas maravilhosas, estou curioso quanto a essa cidade, quero visitar monumentos, conhecer pessoas e, como é óbvio, fazer novas amizades.
Acredito que a minha viagem irá continuar a correr bem. Já passei por cidades memoráveis e estou bastante feliz pelo facto de ter feito novas amizades. Graças aos meus novos amigos nunca me faltou rigorosamente nada e com eles conheci coisas que não fazia ideia que existissem. A minha missão estará cumprida quando voltar à minha casa da qual tenho bastantes saudades.Se me perguntarem se me arrependo desta viagem, sem dúvida alguma, direi que não, pois foi inesquecível…
Bem, agora vou ter com o Mercador e perguntar-lhe se tem mais histórias para me contar, pois são fantásticas.
Débora Gomes


Diário:
Bem, finalmente cheguei à Antuérpia, após um duro e longo caminho pelos Alpes. Aqui, tal como na Dinamarca, o tempo é frio e existe muita neve a rodear tudo que é casas, bosques, florestas, além disso, também os rios congelam o que dificulta as viagens. Assim que cheguei a esta bela localidade flamenga, procurei o negociante local para o qual o meu amigo Averardo me tinha dado uma carta de recomendação. Assim que o encontrei foi muito amável e gentil ao dar-me hospitalidade na sua aquecida casa.
Senti-me um pouco envergonhado ao jantar, pois as especiarias que condimentavam a comida eram-me totalmente estranhas.
Passado alguns minutos, alguém batera à porta, era um capitão conhecido do negociante. O capitão vinha com produtos maravilhosos que me espantaram imenso e em relação aos quais eu era claramente ignorante.
O negociante propôs ao capitão que este relatasse algumas das suas histórias bastante aventureiras, e assim foi, quantas mais histórias ele contava, mais eu ficava fascinado.
Felizmente, durante esta viagem tive oportunidade de ter grandes jantares, como aconteceu hoje.
Após o capitão ter acabado de falar, propus-lhe uma coisa arriscada, que ele educadamente recusou. A proposta consistia em o capitão levar um navio até a Dinamarca.
No final do jantar, fiquei lisonjeado ao perguntarem-me se eu queria participar numa dessas expedições, mas eu recusei gentilmente, já que tenho de chegar a casa até à noite de Natal. Portanto, amanhã partirei com o meu óptimo cavalo por terra até à Dinamarca. Espero que a viagem difícil que irei começar amanhã, não acabe com um desfecho muito doloroso para mim, para a minha família, para os meus amigos, servos e criados.
Bem, por hoje é tudo. Até amanhã, meu fiel confidente.
João Lima